terça-feira, 27 de março de 2012

Cap 3


Capítulo 3
Descobertas

        Emmy ainda estava murmurando algumas coisas só que eu fingi que não escutei.
        Eu passei pelo corredor, e fazia um tempo que eu não escutava essas coisas e começou de novo. “Suba”. Dizia a voz rouca ecoando em minha cabeça impaciente.
        Eu de imediato olhei para o alto e parecia uma portinha para o sótão. Deixei para lá, achei melhor eu trocar minha roupa antes que eu pegasse um resfriado.
        Depois disso resolvi procurar algo para comer. Quando estava descendo as escadas meu pai tinha acabado de chegar do trabalho.
        - Olá, preciso conversar com você sobre amanhã – ele desceu as escadas e eu o acompanhei.
        - Tudo bem.
        - A Emmy vai com você comprar o material hoje e eu já fiz sua matrícula. E no final de semana que vem irá começar a pintar o quarto e você eu e a Emmy vamos comprar os móveis do seu gosto.
        - Obriga... – Meu pai me interrompeu.
        - Presente de aniversário adiantado. – Meu aniversário seria dali a quatro dias, 20 de fevereiro. Ele me entregou uma caixinha pequena e preta com um lacinho branco com bolinhas pretas. – Acho que você vai precisar para ir para a escola.
        - Ah! Valeu! – Eu estava meio confusa. Para ir à escola? Abri a caixa com cuidado, dentro havia a chave de um carro. Fiquei muito feliz.
        - Está lá fora.
        Sem pensar levante-me da cadeira, e abri a porta, o carro era maravilhosamente deslumbrante.
        Era um porche vermelho, ele estava envolvido com um grande laço cor de rosa – apesar de eu odiar dessa cor-.
        Apertei o botão da chave para eu poder abrir meu carro. O interior era lindo e estava com um cheirinho agradável de carro novo.
        Girei a chave na ignição, o motor era silencioso diferente do carro de Joe. – que às vezes eu pegava escondido – Saí pela rua sem saber aonde eu iria.
        As vozes começaram a surgir mais fortes, mais urgentes, mais impacientes. Eu estava ficando atordoada.
        “Eu preciso da sua ajuda”. Eu podia escutar a voz de homem mais clara dessa vez.
        Decidi para o carro antes que ele batesse.
        Eu me esqueci de que o carro ainda estava com aquele laçarote, fui até lá tirar antes que começassem a rir de mim, quando terminei voltei para o carro e dirigi de volta para casa ignorando a voz que atordoava a minha cabeça.
        Procurei uma vaga no estacionamento e fui para casa estava louca para almoçar.
        Abri a porta, fui em direção à sala de jantar. A mesa estava posta, estava tudo perfeito, parecendo mesa de filme.
        Eu sabia que ninguém iria comer aquilo tudo.
        - Sente-se. Você gosta de arroz à piamontese e salada de tomate.
        - Sim. – Eu me juntei a eles na mesa.
        A minha comida já estava no prato, comecei a comer igual a uma morta de fome.
        -Ashley, depois que nós terminarmos de comer vamos comprar o seu material. – eu realmente estava precisando o que eu estava usando na escola era o que eu usava no ano passado.
        -Tá legal eu vou só escovar meus dentes.
        Quando chegamos em casa já eram 20h:30min eu estava exausta a Emmy estava no mesmo estado que eu, aposto.
        O meu pai estava no quarto dormindo disso eu tinha certeza, pois da sala dava para escutar o seu ronco.
        Fui à cozinha beber um copo d´água.
        “Suba”.
        Lembrei-me de hoje mais cedo. O que teria no sótão?
        Subi as escadas apressada, encostei o meu ouvido na porta para ver se havia algum sinal de que eles estavam acordados. Não ouvi nada além do barulho do chuveiro e do ronco do meu pai.
        Resolvi subir. Quando entrei no sótão uma nuvem de poeira invadiu o meu nariz – ainda bem que eu não sou alérgica.
        O sótão estava cheio de troféus, fotos antigas, de quem será que eram?
        Até que eu vi um baú que me despertou a curiosidade.
        Ele estava aberto, quanto mais eu me aproximava mais eu escutava as vozes, elas estavam embaralhadas em minha mente, dizendo coisas diferentes, mas havia uma pela qual eu podia escutar com clareza, era a voz do garoto que sempre vinha a falar comigo, aquela voz era doce e tão gentil, que fazia com que minha voz ficasse rude e tremida.
        Decidi seguir em direção ao baú, e ignorar aquilo como eu sempre fazia.
        Sentei-me no chão e peguei algumas cartas que estavam espalhadas.
        A primeira estava com o destinatário a “Charllote”
        Nela dizia:
        Querida Charllote,
         Fui cavalgar com o senhor Patrick, regressaremos ao lar antes do chá das seis.
         Joseph Lockward Merlling.
   Aquilo sem dúvida era muito antigo.
        Será que Joseph era o homem que eu ouvia?
        “Sim”. Fiquei surpresa ele pela primeira vez estava me respondendo.
        - Por que você está falando comigo? – perguntei em voz alta dessa vez.
        - Eu preciso da sua ajuda – sua voz estava mais próxima de mim. Automaticamente olhei para trás. E lá estava ele. Levei um grande susto.
        Seus cabelos eram loiros, e seus olhos eram negros, seus cílios eram grossos, mas não muito longos e era da cor do seu cabelo, ele era lindo e não parecia ter vindo daquela época.
        Eu me sentia um verdadeiro lixo ao seu lado.
        - Desculpe-me se eu te assustei. – Ele sorriu.
        - Tudo be... Na verdade dá para me explicar o que está acontecendo?
        - Olha como você pode ver sou um... Fantasma. Eu morava em um vilarejo que era situado por aqui há um tempo... – Eu o interrompi.
        - Há algum tempo quando?
        - Bom... – Ele deu uma risadinha baixa e se aproximou. – Em 1835.
        Minha mãe e meu pai se separaram assim quando eu nasci, na verdade a minha mãe me largou quando eu era pequeno e meu pai me criou.
        Depois de um tempo meu pai começou a se envolver com bebida e ele chegava em casa e me batia demais.
        Ele tinha várias dividas. Uma vez ele havia saído para beber, eu devia ter 15 anos.
        Eu estava dormindo no sofá da sala e veio um homem que achou que eu também tinha dividas com bebida, ele estava com uma arma e deu três tiros nos meus dois pulsos e três tiros nos meus dois tornozelos, e depois foi embora achando que eu já havia morrido, mas ele estava enganado.
        Eu fui me arrastando com os cotovelos e peguei uma manta, enrolei nos meus pulsos e nos tornozelos. Eu tentei pegar o telefone para ligar, mas não consegui.
        Eu não sei como, mas eu estava deitado em uma maca, cheio de aparelhos no meu corpo, e um deles indicava o meu batimento cardíaco, pelo qual não estava batendo. E eu estava escutando as vozes das enfermeiras, a mais alta disse: “Vamos leva-lo para o necrotério”.
        A outra disse: “Coitado que morte horrível”.
        Depois disso fiquei responsável pela sua segurança.
        -Pela minha segurança?
        - É
        - Por que eu escuto vozes?
        - Porque você é uma medium.
        - O que é isso?
        -São pessoas capazes de se comunicar com fantasmas. – eu estava muito confusa.
        - Eu estou sonhando. – ele se aproximou de mim e afagou o meu rosto com suas duas mãos.
        - Não está, acredite em mim eu estou aqui, confie em mim. – eu estava chorando agora, eu sempre sonhei em ver seu rosto, abraça-lo e eu estava com medo de quando saísse nunca mais ver seu rosto.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Capítulo 2

                       Viajem

        A semana passou rápido e minha mãe nem desconfiou que eu faltei a aula na quarta-feira, eu nem acreditava que eu iria para Los Angeles hoje, iria deixar Nova Iorque, meus irmãos que me irritavam, mas apesar de tudo iria sentir a falta deles e minha mãe apesar de eu não admitir eu iria sentir sua falta, afinal qual seria o motivo para eu mentir para mim mesma.
 Minhas malas estavam quase prontas, só faltava a minha guitarra que eu não sabia onde eu iria colocar.
        Escutei a campainha tocar. Era a Lauren. Larguei todas as minhas malas e saí correndo para atender a porta, abri ansiosa, mas não era ela, era o meu pai, a última vez que eu o-vi foi há 5 anos atrás eu só tinha 10 anos e para falar a verdade nem lembro muito de sua fisionomia, só lembro que ele tinha cabelos pretos e médios na altura do ombro e era um pouco magro e tinha olhos bem azuis igual aos meus. Assim que abri a porta tive uma surpresa, pois ele havia mudado muito, estava com pouco cabelo e com mais peso do que eu lembrava, com marcas de expressão envolvendo o seu sorriso e pés de galinha no canto de seus olhos azuis.
        Nós dois estávamos parados olhando um para a cara do outro imaginando como ambos haviam mudado. Até que ele rompeu o silêncio.
 - Você está muito diferente criança! – disse ele me dando um abraço desajeitado.
        Percebi que Emmy estava no banco do carona esperando, eu nunca tinha visto ela pessoalmente ela parecia ter dez anos a menos que meu pai. Ela tinha olhos verdes e um cabelo castanho escuro que estava preso em um coque desmanchado por causa da viajem, acenei brevemente, e ela havia retribuído com um sorriso amistoso.
        -Preparada para ir?
        - Bom, na verdade eu queria me despedir da minha amiga, ela está chegando daqui a pouco.
        - Tudo bem. – não demorou muito e Lauren já estava chegando. Ela cumprimentou meu pai e Emmy, e depois me deu um forte abraço. E percebi que estava chorando assim como ela. Soltei-me de seu abraço dizendo:
        - Espere, eu preciso fazer uma coisa. – saí correndo em direção ao quarto dos meus irmãos, abri a porta sem bater e eles estavam conversando alguma coisa que eu não havia entendido.
        -Tchau vou sentir saudades de vocês seus pirralhinhos fofos. – dei um abraço neles dois juntos e depois saí do quarto indo em direção à outra porta do quarto da minha mãe e do Joe. Entrei e apenas acenei para os dois sem dizer nada e saí, peguei uma mala levei para o andar de baixo, voltei e peguei outras duas malas e minha guitarra.
        Dei meu último abraço na Lauren e disse:
        - Fique bem irei sentir muito a sua falta.
        - Eu também!
        Fechei a porta de casa e meu pai me ajudou a carregar as malas para dentro do carro.
        Até que a viajem passou rápido, até porque eu dormi até chegar a Flórida quando chegamos lá já eram sete horas, eu nem vi o tempo passar a Emmy também havia dormido em toda viajem.
        Quando chegamos a Bervely Hills a Emmy ainda estava dormindo.
        - Já acordou criança? – ignorei sua pergunta, até porque ele sabia a resposta.
        - Pai já está chegando?
        - Sim só faltam mais algumas ruas. – eu estava curiosa para ver meu “novo lar”.
        “Bervely Hills” pensei, era um lugar onde só as pessoas que tinham uma boa situação moravam, qual seria o emprego de meu pai e a Emmy.
        O lugar era cheio de coqueiros em toda pista principal que ficava perto do shopping, meu pai entrou em um condomínio de casas (todas iguais e lindas), ele cumprimentou, uns caras que trabalhavam lá e rodou o estacionamento até achar uma vaga, depois andamos por uns três minutos até chegar à bela mansão, era a quinta casa depois do carro.
        As casas não tinham cercas ou muro algum, a grama era verdinha e bem aparada, de cada lado da casa tinha um coqueiro, e dois andares, todas as casas seguiam o mesmo padrão por fora apenas por dentro era diferente, claro.
        Para chegar até a porta principal havia um caminho de pedras.
        Meu pai abriu a porta falando:
        - Seja bem-vinda criança.
        -Obrigada. – a sala era muito linda os móveis eram todos em preto e branco e tinha lindos arranjos e troféus espalhados, na parede havia uma lareira cheia de fotos, do casamento deles dois, uma foto de quando eu era pequena e no teto havia um lindo lustre de cristal.
        - Quer explorar a casa? – perguntou meu pai.
        - Pode ser. – essa foi a melhor resposta que eu pude pensar para não parecer muito animadinha.
        Andei em frente onde havia um grande arco na parede. Passei pela cozinha que era embutida com a sala de jantar, depois vi uma porta de vidro que dava para um jardim onde havia uma grande piscina com luzes programadas para ascender à noite. Andei em volta do jardim até que cheguei à porta principal, abri e voltei para sala, subi as escadas de madeira e me deparei com um corredor cheio de portas, duas de cada lado, duas do lado esquerdo e duas do lado direito, e uma porta no final do corredor.
        Decidi ver o que tinha atrás delas, a primeira do lado esquerdo devia ser o quarto da Emmy e do meu pai, pois ele estava deitado em cima da cama, ainda bem que ele não me viu. A primeira porta do lado direito era um quarto em branco, não entendi nada e achei melhor fechar a porta, abri o quarto do lado, era um quarto simples, parecia que era o quarto da empregada, abri a porta da frente, a Emmy estava descarregando as minhas malas ela já estava terminando a terceira.
        - Olá! – disse ela com um sorriso – Provisoriamente esse quarto será seu. O quarto em branco eu vou deixar você escolher, os móveis e a cor tudo, mas por enquanto você vai ficar aqui, tudo bem para você?
        - Claro. Eu posso terminar de arrumar as minhas malas?
        - Já entendi quer ficar sozinha né? Tudo bem. Boa noite.
        - Boa noite.
        Depois que ela fechou a porta do quarto peguei as roupas que sobraram no fundo da mala, eu peguei tudo e joguei de qualquer jeito na gaveta, peguei o meu celular do bolso da minha calça e peguei o fone de ouvido na parte da frente da mala e conectei no meu celular, deitei na cama e fiquei ali deitada escutando música por uma meia hora, e peguei no sono até que o barulho da janela começou a me incomodar. Levantei-me para fechar a janela, e tentei continuar a dormir, Mas fiquei na cama por um bom tempo e o sono não veio, olhei às horas no relógio que ficava na mesinha de cabeceira, eram 03h15min da manhã, levantei em direção à porta a fim de pegar algo para beber na cozinha, desci às escadas com pressa, e corri para cozinha, abri a geladeira e encontrei um suco coloquei no copo, mas não cheguei a tomar, pois escutei um barulho vindo do jardim fui lá ver o que era, será que era alguém roubando a casa?
        Saí correndo e deixei o suco para lá, abri a porta dos fundos e corri até a piscina, mas não havia nada, dei a volta no jardim e voltei para a porta dos fundos, quando voltei para a cozinha não tinha mais suco nenhum dentro do copo. Estava tudo revirado e quebrado.
        Meu coração palpitou muito forte, meu estômago começou a se revirar e uma súbita onda de medo invadiu minha mente e meu corpo, eu tinha muitas perguntas a serem feitas, mas para que eu iria fazê-las? Será que alguém estava de zoação comigo? Por quê? Ou será que eu estava vendo coisas?
        Subi as escadas chorando pelo choque que eu havia levado, escutei a porta se abrir meu pai e a Emmy deviam ter se assustado com o meu choro histérico.
        - O que aconteceu? – Emmy parecia mais assustada que eu.
        - Nada! – saí correndo em direção à porta do quarto em branco, e me tranquei lá dentro, me sentia um maluca dentro de um quarto de hospício, comecei a chorar de medo, nunca fui disso.
        Escutei batidas na porta e o grito estridente de Emmy:
        - Ash o que houve, conte-nos, nós ficamos preocupados com você! – achei melhor ficar calada, até que eles saíssem da porta para eu poder pegar o meu celular para mandar uma mensagem para a Lauren.
        Passou-se 5 minutos e finalmente escutei o barulho da porta do quarto deles se abrindo e depois fechou, saí e entrei no quarto de hospedes bem rápido, em cima da cama peguei o celular, tranquei a porta e mandei uma mensagem para Lauren mesmo sabendo que ela não iria ver agora.
         Eu estou precisando falar com você imediatamente, não importa a hora que você ver essa mensagem, me ligue imediatamente.
   Beijos, sinto sua falta.

        De repente escutei um barulho de mensagem, mas já? Ela estava acordada? Fiquei assustada, peguei o celular e vi a mensagem, mas não estava “Lauren” estava como “Desconhecido” fiquei muito curiosa.
        Desculpe-me por hoje à noite, não queria te assustar.

         De: desconhecido
         Fiquei muito assustada, será que alguém estava querendo brincar comigo?
        Resolvi descer as escadas para ver se tinha algo diferente lá em baixo eu não estava mais tão assustada assim.
        Chegando lá encontrei tudo na mais perfeita ordem, como se nada tivesse acontecido.
        Subi a escada de novo e entrei no quarto de hospedes, peguei meu celular e li a mensagem novamente quem será que havia mandado aquilo? Ou melhor, quem havia entrado na minha casa? Eu estava muito assustada.
        Subi em cima da cama e me cobri toda com o cobertor e fiquei lá a noite inteira escondida debaixo dele, mas que covardia! Quando deu 04h16min da manhã me levantei e fui pegar minha roupa e peguei um biquíni para colocar por baixo do meu vestido, fui para o banheiro tomar um banho, terminei o banho me vesti coloquei uma rasteira dourada e saí porta a fora, estava louca para ver as praias, eu podia passear tranquilamente sem precisar escutar buzinas de carros e também passear sem precisar usar algum tipo de meio de transporte, a menos que você fosse para muito longe.
        Ainda estava escuro e não dava para ver muita coisa. A câmera que ficava na portaria me reconheceu e liberou a minha saída. Andei em direção à praia que não ficava muito longe dali.
        Cheguei à praia, o dia já estava amanhecendo, tirei minha rasteira e o meu vestido e joguei na areia, fui em direção ao mar.
        Me joguei, a água estava muito gelada, fiquei lá até dar meio-dia, voltei para casa toda encharcada.
        Quando cheguei tinha uma moça com um uniforme de faxineira, espanando uma estátua.
        - Oi tudo bem! – disse ela animadamente fiquei sem entender nada.
        - Tudo – disse subindo as escadas, enquanto fazia isso topei com a Emmy.
        - Você está encharcada! Onde estava? – ela parecia estar muito preocupada.
        - Dando um mergulho.
        - Aqui tem piscina!
        - Eu sei disso, mas eu queria passear por ai, conhecer novos lugares, e resolvi dar um pulo na água, mas eu vou trocar minha roupa. – depois de me explicar fui em direção ao quarto mais parece que ela ainda não tinha acabado seu discurso.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Noites frias.

 Eu estou fazendo um livro e resolvi mostrar para vocês um pouco do que eu escrevi:

     
              Noites frias
            
               Capítulo 1:


                 A briga

Querido diário,
      Hoje foi meu primeiro dia de aula, foi horrível, só para variar. Todas as minhas amigas estavam subitamente interessadas sobre o que eu fiz nas férias foi muito tenso.
      Eu nunca fui muito de escrever, principalmente diários, mas eu queria só ver até quando eu vou levar essa história.
Três batidas na porta me interromperam.
-Ash, mamãe está chamando para o jantar!- era o meu irmão mais novo seu nome é Jonah e ainda tinha outro para completar a dupla maléfica dele, o Matt, e para piorar eles são gêmeos, depois que meus pais se separaram minha mãe se casou de novo com um cara que se chama Joe e tiveram esses dois pestinhas. Meu pai também se casou de novo, mas ele e sua esposa Emmy não tiveram filhos – ainda bem, eu não aguentaria.
 - Já estou indo!- esperei que seus passos sumissem escada abaixo para quando eu abrisse a porta não encontrasse o pirralho lá. Finalmente ele já havia chegado ao primeiro andar. Lutei com a preguiça para que eu pudesse pelo menos me levantar da cama, consegui, mas não foi uma luta fácil, meus passos eram lentos, fui me arrastando para chegar à porta, destranquei, e fui pelo corredor escuro sem me dar ao trabalho de ascender às luzes, desci as escadas sem a mínima vontade de encontrar a minha linda “família feliz”.
-Desculpe, não conseguimos esperar por você Ash. – disse Joe educadamente. Observei o cardápio de hoje, era o prato preferido de Joe o contrário do meu, eu odiava salada de atum era a comida mais repulsiva do mundo.
        - Que seja eu não quero comer essa coisa, pela qual vocês chamam de comida. – disse fazendo uma cara de repulsa, e indo para geladeira para comer a sobra da pizza de ontem à noite.
        - Têm muita gente querendo essa comida Ashley! – Joe estava começando a ficar irritado, até porque ele me chamou de Ashley e ele só fazia isso quando estava irritado.
        - Sempre é esse mesmo papinho. – revirei os olhos.
        - E parece que você nunca aprende! – sua voz estava mais alta do que eu estava acostumada, e Minha mãe permanecia em silêncio apenas observando-nos.
        - Ei, Olha aqui quem você pensa que é para estar gritando comigo desse jeito! Você não é nada meu e muito menos meu pai! Nem meu pai grita comigo quem dirá você, se eu não te agrado não posso fazer nada eu não nasci para agradar você e os incomodados é que se mudem! – eu estava loca para dizer isso há muito tempo já estava sufocando minha garganta. Continuei a andar em direção à geladeira, a fim de encontrar uma comida digna, abri a geladeira observei, olhei, e encontrei finalmente o que eu procurava: a caixa de pizza. Peguei um pedaço e coloquei para esquentar por 5 minutos no micro-ondas, senti alguém me puxar pelo braço.
        - O que você está pensando Ashley?- sussurrou minha mãe.
        - Pensando sobre o que? – fingi que não sabia do que ela estava falando.
        - Você sabe muito bem do que eu estou falando. – quando ela pronunciou essa frase sua mão voou em cima do meu rosto, senti arder um pouco, senti também que ficou com a marca de seus dedos mesmo sem precisar olhar.
 - Desculpe perdi o controle. – ela falou com a maior calma do mundo como se nada tivesse acontecido.
        - O que você está pensando?! – empurrei ela para trás de leve.
        - Me desculpe. – disse mamãe cuidadosa.
        NÃO, NÃO DESCULPO! – foi a vez que eu falei mais alto com a minha mãe. Peguei o pedaço de pizza do micro-ondas, e saí chorando falso. – Amanhã eu vou ligar para o meu pai para perguntar se eu posso morar com ele na Flórida! – Gritei enquanto subia as escadas. Entrei no quarto, e bati a porta com a maior força que eu pude quase a quebrei, Fui em direção à minha cama cheia de roupas espalhadas, peguei tudo e joguei no chão.
        Eu sabia que eu não queria morar com meu pai, mas eu não iria dar par trás agora, eu teria que arcar com as consequências dos meus atos.
        Abri a porta que dava para a varanda da casa, precisava tomar um ar fresco. A noite estava bastante agradável, sem ser pelo fato do que eu tinha brigado com a minha mãe e o Joe. Fiquei ali parada por uma meia hora observando as estrelas e imaginando se meu pai e a Emmy iriam deixar que eu morasse com eles, se isso acontecesse eu iria sentir falta de Nova Iorque, da Lauren - minha única amiga e a única pessoa que me suportava e me aceitava com os meus erros e acertos.
        Comecei a chorar, e isso era muito raro de acontecer então aquilo queria dizer que eu estava realmente muito abalada.
        Saí da varanda, fechei a porta e peguei a minha pizza que a essa altura já devia estar fria, dei uma mordida, estava horrível e estava realmente fria, mas mesmo assim continuei comendo, até porque eu não queria ir até lá baixo.
 Peguei o lençol e o travesseiro dentro do armário, e arrumei em cima da cama, subi e me ajeitei, para que eu conseguisse dormir, comecei a pensar em tudo que tinha acontecido naquele dia e a inconsciência me levou para o mundo dos sonhos.
 Quando eu acordei não me lembrava do que tinha sonhado naquela noite, e não estava com a mínima vontade de ir para escola. Então inventei uma dor de cabeça e comecei a dormir novamente, mas não consegui, ainda nem era a hora de ir para escola então decidi tomar um banho para refrescar minha mente, mas a ligação da Lauren me interrompeu.
        -Alô
        -Oi! Tudo bem Lauren?
 -Tudo! Já estava acordada Ash?
 - Já! Decidi não ir para escola hoje! Vai me acompanhar?
        -Claro que sim, porque não? – ela estava super animada com a ideia.
         - Ótimo! Então nos encontramos no Central Park!
        -Perfeito te encontro lá!
 - Tchau!
 -Tchau!
        Abri a gaveta da cômoda e peguei um dos meus looks preferidos: minha blusa de manga curta branca, minha jaqueta de couro preta e meus jeans escuros surrados, minha toalha já estava no banheiro, então eu não tinha mais com que me preocupar.
 O banho foi revigorante, mas eu precisava correr, passei o lápis preto no meu olho rapidamente, mas tendo o cuidado para ele não entrar e me furar, coloquei minha carteira e meu celular no bolso e abri a porta do quarto com bastante cuidado para não acordar ninguém, e desci as escadas com o mesmo cuidado, peguei minhas chaves em cima da mesa e abri a porta devagar e tranquei.
 Peguei o táxi.
 - Central Park. – disse antes que ele perguntasse.
        - Tudo bem – sua voz era tão forte que levei um susto, mas acho que ele não percebeu.
 Peguei o celular no bolso, e disquei o número da casa do meu pai, não demoraram para atender.
        - Alô – não reconheci a voz.
        - Poderia falar com Bob Dalian?
        - Quem deseja?
        - É a filha dele, Ashley.
        - Ashley? – houve uma pequena pausa, eu acho que a mulher do outro lado da linha se assustou, talvez seja porque eu não ligue muito para o meu pai.
        - Oi! Ashley é a Emmy! Aconteceu alguma coisa? Por que está ligando tão cedo?
- Na verdade eu queria mesmo é falar com meu pai, ele está?
        - Eu vou chama-lo – Sua voz ficou meio triste.
        - Tudo bem. – disse eu calmamente. Depois de algum tempo ele respondeu.
        -Filha?- ele parecia feliz por eu estar ligando.
        - Oi pai, bom eu vou ser bem direta, eu quero morar com você e eu estou ligando para saber se você quer? – tudo ficou silencioso do outro lado da linha.
        -Tem certeza disso?- parecia que ele estava com um pé atrás, mas por outro lado ele parecia estar vibrando.
 - Toda do mundo, mas antes eu teria que saber se a Emmy vai aceitar.
        - É claro que sim Ash! Eu nem acredito! Qual é o motivo disso?
        - Não importa.
        -É claro que importa.
        - Quer que eu mude de ideia?
        - Não claro que não! Quando você que vir para cá?
        - O mais rápido possível!
        - Sua mãe está ciente disso?
        - Sim ela mesma deu a ideia.
        - É sério?
 - Sim, quer falar com ela?
        -Não acredito em você. Hoje é que dia da semana?
 -Hã... Quarta
        - Vou te buscar no sábado tudo bem?
        -Tudo ótimo!
 - Então... Até lá... Tchau.
 - Tchau.
 Já dava para ver o Central Park e a Lauren, ela acenava para mim animadamente.
 -Quanto deu?- perguntei para o taxista .
 - 23,75 dólares.
 - Procurei o dinheiro na minha carteira confusa, o motorista já estava impaciente achando que eu iria dar um golpe nele, e eu finalmente achei, estendi o dinheiro, ele pegou e conferiu.
 Desci do táxi, e fui correndo para encontrar a Lauren e dei um grande abraço nela, eu não era de fazer isso e ela se surpreendeu tanto quanto eu.
        - O que foi Ash?
 - Eu vou morar na Flórida. – ela ficou paralisada.
        - Como assim?!
        - Eu briguei com o Joe e minha mãe ficou muito chateada comigo e na hora do estresse ela me deu um tapa no meu rosto. E eu decidi morar com meu pai e a nova esposa dele... Na Flórida
        -Por favor, Ashley! Não vai você... Você é minha melhor amiga... - Ela estava chorando agora – e minha única amiga Ash! Por favor!
 - Eu também não quero ir, mas... Mas eu preciso! – Disse enquanto dava meu abraço desajeitado, pois não era muito acostumada a fazer esse tipo de coisa.
        -Quando você vai? – disse ela lutando contras palavras que saiam difíceis devido suas lágrimas que inundavam seu rosto.
 -Sábado.
 -Vou sentir muito sua falta.
 -Eu também.
  - Se despedir é sempre a parte mais difícil.
 - Pois é. A gente se vê sábado de manhã, tudo bem para você?
 - Claro!
-Tchau.
 -Tchau.

Depois eu mostro o capítulo 2.