Capítulo 3
Descobertas
Emmy ainda
estava murmurando algumas coisas só que eu fingi que não escutei.
Eu passei pelo
corredor, e fazia um tempo que eu não escutava essas coisas e começou de novo.
“Suba”. Dizia a voz rouca ecoando em minha cabeça impaciente.
Eu de imediato
olhei para o alto e parecia uma portinha para o sótão. Deixei para lá, achei
melhor eu trocar minha roupa antes que eu pegasse um resfriado.
Depois disso resolvi
procurar algo para comer. Quando estava descendo as escadas meu pai tinha
acabado de chegar do trabalho.
- Olá, preciso
conversar com você sobre amanhã – ele desceu as escadas e eu o acompanhei.
- Tudo bem.
- A Emmy vai
com você comprar o material hoje e eu já fiz sua matrícula. E no final de
semana que vem irá começar a pintar o quarto e você eu e a Emmy vamos comprar
os móveis do seu gosto.
- Obriga... –
Meu pai me interrompeu.
- Presente de
aniversário adiantado. – Meu aniversário seria dali a quatro dias, 20 de
fevereiro. Ele me entregou uma caixinha pequena e preta com um lacinho branco
com bolinhas pretas. – Acho que você vai precisar para ir para a escola.
- Ah! Valeu! –
Eu estava meio confusa. Para ir à escola? Abri a caixa com cuidado, dentro
havia a chave de um carro. Fiquei muito feliz.
- Está lá fora.
Sem pensar
levante-me da cadeira, e abri a porta, o carro era maravilhosamente
deslumbrante.
Era um porche
vermelho, ele estava envolvido com um grande laço cor de rosa – apesar de eu
odiar dessa cor-.
Apertei o botão
da chave para eu poder abrir meu carro. O interior era lindo e estava com um
cheirinho agradável de carro novo.
Girei a chave
na ignição, o motor era silencioso diferente do carro de Joe. – que às vezes eu
pegava escondido – Saí pela rua sem saber aonde eu iria.
As vozes
começaram a surgir mais fortes, mais urgentes, mais impacientes. Eu estava
ficando atordoada.
“Eu preciso da
sua ajuda”. Eu podia escutar a voz de homem mais clara dessa vez.
Decidi para o
carro antes que ele batesse.
Eu me esqueci
de que o carro ainda estava com aquele laçarote, fui até lá tirar antes que
começassem a rir de mim, quando terminei voltei para o carro e dirigi de volta
para casa ignorando a voz que atordoava a minha cabeça.
Procurei uma
vaga no estacionamento e fui para casa estava louca para almoçar.
Abri a porta,
fui em direção à sala de jantar. A mesa estava posta, estava tudo perfeito,
parecendo mesa de filme.
Eu sabia que
ninguém iria comer aquilo tudo.
- Sente-se.
Você gosta de arroz à piamontese e salada de tomate.
- Sim. – Eu me
juntei a eles na mesa.
A minha comida
já estava no prato, comecei a comer igual a uma morta de fome.
-Ashley, depois
que nós terminarmos de comer vamos comprar o seu material. – eu realmente
estava precisando o que eu estava usando na escola era o que eu usava no ano passado.
-Tá legal eu
vou só escovar meus dentes.
Quando chegamos
em casa já eram 20h:30min eu estava exausta a Emmy estava no mesmo estado que
eu, aposto.
O meu pai
estava no quarto dormindo disso eu tinha certeza, pois da sala dava para
escutar o seu ronco.
Fui à cozinha
beber um copo d´água.
“Suba”.
Lembrei-me de
hoje mais cedo. O que teria no sótão?
Subi as escadas
apressada, encostei o meu ouvido na porta para ver se havia algum sinal de que
eles estavam acordados. Não ouvi nada além do barulho do chuveiro e do ronco do
meu pai.
Resolvi subir.
Quando entrei no sótão uma nuvem de poeira invadiu o meu nariz – ainda bem que
eu não sou alérgica.
O sótão estava
cheio de troféus, fotos antigas, de quem será que eram?
Até que eu vi
um baú que me despertou a curiosidade.
Ele estava
aberto, quanto mais eu me aproximava mais eu escutava as vozes, elas estavam
embaralhadas em minha mente, dizendo coisas diferentes, mas havia uma pela qual
eu podia escutar com clareza, era a voz do garoto que sempre vinha a falar
comigo, aquela voz era doce e tão gentil, que fazia com que minha voz ficasse
rude e tremida.
Decidi seguir
em direção ao baú, e ignorar aquilo como eu sempre fazia.
Sentei-me no
chão e peguei algumas cartas que estavam espalhadas.
A primeira
estava com o destinatário a “Charllote”
Nela dizia:
Querida Charllote,
Fui
cavalgar com o senhor Patrick, regressaremos ao lar antes do chá das seis.
Joseph Lockward
Merlling.
Aquilo
sem dúvida era muito antigo.
Será que Joseph
era o homem que eu ouvia?
“Sim”. Fiquei
surpresa ele pela primeira vez estava me respondendo.
- Por que você
está falando comigo? – perguntei em voz alta dessa vez.
- Eu preciso da
sua ajuda – sua voz estava mais próxima de mim. Automaticamente olhei para
trás. E lá estava ele. Levei um grande susto.
Seus cabelos
eram loiros, e seus olhos eram negros, seus cílios eram grossos, mas não muito
longos e era da cor do seu cabelo, ele era lindo e não parecia ter vindo
daquela época.
Eu me sentia um
verdadeiro lixo ao seu lado.
- Desculpe-me
se eu te assustei. – Ele sorriu.
- Tudo be... Na
verdade dá para me explicar o que está acontecendo?
- Olha como
você pode ver sou um... Fantasma. Eu morava em um vilarejo que era situado por
aqui há um tempo... – Eu o interrompi.
- Há algum
tempo quando?
- Bom... – Ele
deu uma risadinha baixa e se aproximou. – Em 1835.
Minha mãe e meu
pai se separaram assim quando eu nasci, na verdade a minha mãe me largou quando
eu era pequeno e meu pai me criou.
Depois de um
tempo meu pai começou a se envolver com bebida e ele chegava em casa e me batia
demais.
Ele tinha
várias dividas. Uma vez ele havia saído para beber, eu devia ter 15 anos.
Eu estava
dormindo no sofá da sala e veio um homem que achou que eu também tinha dividas
com bebida, ele estava com uma arma e deu três tiros nos meus dois pulsos e
três tiros nos meus dois tornozelos, e depois foi embora achando que eu já
havia morrido, mas ele estava enganado.
Eu fui me
arrastando com os cotovelos e peguei uma manta, enrolei nos meus pulsos e nos
tornozelos. Eu tentei pegar o telefone para ligar, mas não consegui.
Eu não sei
como, mas eu estava deitado em uma maca, cheio de aparelhos no meu corpo, e um
deles indicava o meu batimento cardíaco, pelo qual não estava batendo. E eu estava
escutando as vozes das enfermeiras, a mais alta disse: “Vamos leva-lo para o
necrotério”.
A outra disse:
“Coitado que morte horrível”.
Depois disso
fiquei responsável pela sua segurança.
-Pela minha
segurança?
- É
- Por que eu
escuto vozes?
- Porque você é
uma medium.
- O que é isso?
-São pessoas
capazes de se comunicar com fantasmas. – eu estava muito confusa.
- Eu estou
sonhando. – ele se aproximou de mim e afagou o meu rosto com suas duas mãos.
- Não está,
acredite em mim eu estou aqui, confie em mim. – eu estava chorando agora, eu
sempre sonhei em ver seu rosto, abraça-lo e eu estava com medo de quando saísse
nunca mais ver seu rosto.