quinta-feira, 8 de março de 2012

Capítulo 2

                       Viajem

        A semana passou rápido e minha mãe nem desconfiou que eu faltei a aula na quarta-feira, eu nem acreditava que eu iria para Los Angeles hoje, iria deixar Nova Iorque, meus irmãos que me irritavam, mas apesar de tudo iria sentir a falta deles e minha mãe apesar de eu não admitir eu iria sentir sua falta, afinal qual seria o motivo para eu mentir para mim mesma.
 Minhas malas estavam quase prontas, só faltava a minha guitarra que eu não sabia onde eu iria colocar.
        Escutei a campainha tocar. Era a Lauren. Larguei todas as minhas malas e saí correndo para atender a porta, abri ansiosa, mas não era ela, era o meu pai, a última vez que eu o-vi foi há 5 anos atrás eu só tinha 10 anos e para falar a verdade nem lembro muito de sua fisionomia, só lembro que ele tinha cabelos pretos e médios na altura do ombro e era um pouco magro e tinha olhos bem azuis igual aos meus. Assim que abri a porta tive uma surpresa, pois ele havia mudado muito, estava com pouco cabelo e com mais peso do que eu lembrava, com marcas de expressão envolvendo o seu sorriso e pés de galinha no canto de seus olhos azuis.
        Nós dois estávamos parados olhando um para a cara do outro imaginando como ambos haviam mudado. Até que ele rompeu o silêncio.
 - Você está muito diferente criança! – disse ele me dando um abraço desajeitado.
        Percebi que Emmy estava no banco do carona esperando, eu nunca tinha visto ela pessoalmente ela parecia ter dez anos a menos que meu pai. Ela tinha olhos verdes e um cabelo castanho escuro que estava preso em um coque desmanchado por causa da viajem, acenei brevemente, e ela havia retribuído com um sorriso amistoso.
        -Preparada para ir?
        - Bom, na verdade eu queria me despedir da minha amiga, ela está chegando daqui a pouco.
        - Tudo bem. – não demorou muito e Lauren já estava chegando. Ela cumprimentou meu pai e Emmy, e depois me deu um forte abraço. E percebi que estava chorando assim como ela. Soltei-me de seu abraço dizendo:
        - Espere, eu preciso fazer uma coisa. – saí correndo em direção ao quarto dos meus irmãos, abri a porta sem bater e eles estavam conversando alguma coisa que eu não havia entendido.
        -Tchau vou sentir saudades de vocês seus pirralhinhos fofos. – dei um abraço neles dois juntos e depois saí do quarto indo em direção à outra porta do quarto da minha mãe e do Joe. Entrei e apenas acenei para os dois sem dizer nada e saí, peguei uma mala levei para o andar de baixo, voltei e peguei outras duas malas e minha guitarra.
        Dei meu último abraço na Lauren e disse:
        - Fique bem irei sentir muito a sua falta.
        - Eu também!
        Fechei a porta de casa e meu pai me ajudou a carregar as malas para dentro do carro.
        Até que a viajem passou rápido, até porque eu dormi até chegar a Flórida quando chegamos lá já eram sete horas, eu nem vi o tempo passar a Emmy também havia dormido em toda viajem.
        Quando chegamos a Bervely Hills a Emmy ainda estava dormindo.
        - Já acordou criança? – ignorei sua pergunta, até porque ele sabia a resposta.
        - Pai já está chegando?
        - Sim só faltam mais algumas ruas. – eu estava curiosa para ver meu “novo lar”.
        “Bervely Hills” pensei, era um lugar onde só as pessoas que tinham uma boa situação moravam, qual seria o emprego de meu pai e a Emmy.
        O lugar era cheio de coqueiros em toda pista principal que ficava perto do shopping, meu pai entrou em um condomínio de casas (todas iguais e lindas), ele cumprimentou, uns caras que trabalhavam lá e rodou o estacionamento até achar uma vaga, depois andamos por uns três minutos até chegar à bela mansão, era a quinta casa depois do carro.
        As casas não tinham cercas ou muro algum, a grama era verdinha e bem aparada, de cada lado da casa tinha um coqueiro, e dois andares, todas as casas seguiam o mesmo padrão por fora apenas por dentro era diferente, claro.
        Para chegar até a porta principal havia um caminho de pedras.
        Meu pai abriu a porta falando:
        - Seja bem-vinda criança.
        -Obrigada. – a sala era muito linda os móveis eram todos em preto e branco e tinha lindos arranjos e troféus espalhados, na parede havia uma lareira cheia de fotos, do casamento deles dois, uma foto de quando eu era pequena e no teto havia um lindo lustre de cristal.
        - Quer explorar a casa? – perguntou meu pai.
        - Pode ser. – essa foi a melhor resposta que eu pude pensar para não parecer muito animadinha.
        Andei em frente onde havia um grande arco na parede. Passei pela cozinha que era embutida com a sala de jantar, depois vi uma porta de vidro que dava para um jardim onde havia uma grande piscina com luzes programadas para ascender à noite. Andei em volta do jardim até que cheguei à porta principal, abri e voltei para sala, subi as escadas de madeira e me deparei com um corredor cheio de portas, duas de cada lado, duas do lado esquerdo e duas do lado direito, e uma porta no final do corredor.
        Decidi ver o que tinha atrás delas, a primeira do lado esquerdo devia ser o quarto da Emmy e do meu pai, pois ele estava deitado em cima da cama, ainda bem que ele não me viu. A primeira porta do lado direito era um quarto em branco, não entendi nada e achei melhor fechar a porta, abri o quarto do lado, era um quarto simples, parecia que era o quarto da empregada, abri a porta da frente, a Emmy estava descarregando as minhas malas ela já estava terminando a terceira.
        - Olá! – disse ela com um sorriso – Provisoriamente esse quarto será seu. O quarto em branco eu vou deixar você escolher, os móveis e a cor tudo, mas por enquanto você vai ficar aqui, tudo bem para você?
        - Claro. Eu posso terminar de arrumar as minhas malas?
        - Já entendi quer ficar sozinha né? Tudo bem. Boa noite.
        - Boa noite.
        Depois que ela fechou a porta do quarto peguei as roupas que sobraram no fundo da mala, eu peguei tudo e joguei de qualquer jeito na gaveta, peguei o meu celular do bolso da minha calça e peguei o fone de ouvido na parte da frente da mala e conectei no meu celular, deitei na cama e fiquei ali deitada escutando música por uma meia hora, e peguei no sono até que o barulho da janela começou a me incomodar. Levantei-me para fechar a janela, e tentei continuar a dormir, Mas fiquei na cama por um bom tempo e o sono não veio, olhei às horas no relógio que ficava na mesinha de cabeceira, eram 03h15min da manhã, levantei em direção à porta a fim de pegar algo para beber na cozinha, desci às escadas com pressa, e corri para cozinha, abri a geladeira e encontrei um suco coloquei no copo, mas não cheguei a tomar, pois escutei um barulho vindo do jardim fui lá ver o que era, será que era alguém roubando a casa?
        Saí correndo e deixei o suco para lá, abri a porta dos fundos e corri até a piscina, mas não havia nada, dei a volta no jardim e voltei para a porta dos fundos, quando voltei para a cozinha não tinha mais suco nenhum dentro do copo. Estava tudo revirado e quebrado.
        Meu coração palpitou muito forte, meu estômago começou a se revirar e uma súbita onda de medo invadiu minha mente e meu corpo, eu tinha muitas perguntas a serem feitas, mas para que eu iria fazê-las? Será que alguém estava de zoação comigo? Por quê? Ou será que eu estava vendo coisas?
        Subi as escadas chorando pelo choque que eu havia levado, escutei a porta se abrir meu pai e a Emmy deviam ter se assustado com o meu choro histérico.
        - O que aconteceu? – Emmy parecia mais assustada que eu.
        - Nada! – saí correndo em direção à porta do quarto em branco, e me tranquei lá dentro, me sentia um maluca dentro de um quarto de hospício, comecei a chorar de medo, nunca fui disso.
        Escutei batidas na porta e o grito estridente de Emmy:
        - Ash o que houve, conte-nos, nós ficamos preocupados com você! – achei melhor ficar calada, até que eles saíssem da porta para eu poder pegar o meu celular para mandar uma mensagem para a Lauren.
        Passou-se 5 minutos e finalmente escutei o barulho da porta do quarto deles se abrindo e depois fechou, saí e entrei no quarto de hospedes bem rápido, em cima da cama peguei o celular, tranquei a porta e mandei uma mensagem para Lauren mesmo sabendo que ela não iria ver agora.
         Eu estou precisando falar com você imediatamente, não importa a hora que você ver essa mensagem, me ligue imediatamente.
   Beijos, sinto sua falta.

        De repente escutei um barulho de mensagem, mas já? Ela estava acordada? Fiquei assustada, peguei o celular e vi a mensagem, mas não estava “Lauren” estava como “Desconhecido” fiquei muito curiosa.
        Desculpe-me por hoje à noite, não queria te assustar.

         De: desconhecido
         Fiquei muito assustada, será que alguém estava querendo brincar comigo?
        Resolvi descer as escadas para ver se tinha algo diferente lá em baixo eu não estava mais tão assustada assim.
        Chegando lá encontrei tudo na mais perfeita ordem, como se nada tivesse acontecido.
        Subi a escada de novo e entrei no quarto de hospedes, peguei meu celular e li a mensagem novamente quem será que havia mandado aquilo? Ou melhor, quem havia entrado na minha casa? Eu estava muito assustada.
        Subi em cima da cama e me cobri toda com o cobertor e fiquei lá a noite inteira escondida debaixo dele, mas que covardia! Quando deu 04h16min da manhã me levantei e fui pegar minha roupa e peguei um biquíni para colocar por baixo do meu vestido, fui para o banheiro tomar um banho, terminei o banho me vesti coloquei uma rasteira dourada e saí porta a fora, estava louca para ver as praias, eu podia passear tranquilamente sem precisar escutar buzinas de carros e também passear sem precisar usar algum tipo de meio de transporte, a menos que você fosse para muito longe.
        Ainda estava escuro e não dava para ver muita coisa. A câmera que ficava na portaria me reconheceu e liberou a minha saída. Andei em direção à praia que não ficava muito longe dali.
        Cheguei à praia, o dia já estava amanhecendo, tirei minha rasteira e o meu vestido e joguei na areia, fui em direção ao mar.
        Me joguei, a água estava muito gelada, fiquei lá até dar meio-dia, voltei para casa toda encharcada.
        Quando cheguei tinha uma moça com um uniforme de faxineira, espanando uma estátua.
        - Oi tudo bem! – disse ela animadamente fiquei sem entender nada.
        - Tudo – disse subindo as escadas, enquanto fazia isso topei com a Emmy.
        - Você está encharcada! Onde estava? – ela parecia estar muito preocupada.
        - Dando um mergulho.
        - Aqui tem piscina!
        - Eu sei disso, mas eu queria passear por ai, conhecer novos lugares, e resolvi dar um pulo na água, mas eu vou trocar minha roupa. – depois de me explicar fui em direção ao quarto mais parece que ela ainda não tinha acabado seu discurso.

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