terça-feira, 27 de março de 2012

Cap 3


Capítulo 3
Descobertas

        Emmy ainda estava murmurando algumas coisas só que eu fingi que não escutei.
        Eu passei pelo corredor, e fazia um tempo que eu não escutava essas coisas e começou de novo. “Suba”. Dizia a voz rouca ecoando em minha cabeça impaciente.
        Eu de imediato olhei para o alto e parecia uma portinha para o sótão. Deixei para lá, achei melhor eu trocar minha roupa antes que eu pegasse um resfriado.
        Depois disso resolvi procurar algo para comer. Quando estava descendo as escadas meu pai tinha acabado de chegar do trabalho.
        - Olá, preciso conversar com você sobre amanhã – ele desceu as escadas e eu o acompanhei.
        - Tudo bem.
        - A Emmy vai com você comprar o material hoje e eu já fiz sua matrícula. E no final de semana que vem irá começar a pintar o quarto e você eu e a Emmy vamos comprar os móveis do seu gosto.
        - Obriga... – Meu pai me interrompeu.
        - Presente de aniversário adiantado. – Meu aniversário seria dali a quatro dias, 20 de fevereiro. Ele me entregou uma caixinha pequena e preta com um lacinho branco com bolinhas pretas. – Acho que você vai precisar para ir para a escola.
        - Ah! Valeu! – Eu estava meio confusa. Para ir à escola? Abri a caixa com cuidado, dentro havia a chave de um carro. Fiquei muito feliz.
        - Está lá fora.
        Sem pensar levante-me da cadeira, e abri a porta, o carro era maravilhosamente deslumbrante.
        Era um porche vermelho, ele estava envolvido com um grande laço cor de rosa – apesar de eu odiar dessa cor-.
        Apertei o botão da chave para eu poder abrir meu carro. O interior era lindo e estava com um cheirinho agradável de carro novo.
        Girei a chave na ignição, o motor era silencioso diferente do carro de Joe. – que às vezes eu pegava escondido – Saí pela rua sem saber aonde eu iria.
        As vozes começaram a surgir mais fortes, mais urgentes, mais impacientes. Eu estava ficando atordoada.
        “Eu preciso da sua ajuda”. Eu podia escutar a voz de homem mais clara dessa vez.
        Decidi para o carro antes que ele batesse.
        Eu me esqueci de que o carro ainda estava com aquele laçarote, fui até lá tirar antes que começassem a rir de mim, quando terminei voltei para o carro e dirigi de volta para casa ignorando a voz que atordoava a minha cabeça.
        Procurei uma vaga no estacionamento e fui para casa estava louca para almoçar.
        Abri a porta, fui em direção à sala de jantar. A mesa estava posta, estava tudo perfeito, parecendo mesa de filme.
        Eu sabia que ninguém iria comer aquilo tudo.
        - Sente-se. Você gosta de arroz à piamontese e salada de tomate.
        - Sim. – Eu me juntei a eles na mesa.
        A minha comida já estava no prato, comecei a comer igual a uma morta de fome.
        -Ashley, depois que nós terminarmos de comer vamos comprar o seu material. – eu realmente estava precisando o que eu estava usando na escola era o que eu usava no ano passado.
        -Tá legal eu vou só escovar meus dentes.
        Quando chegamos em casa já eram 20h:30min eu estava exausta a Emmy estava no mesmo estado que eu, aposto.
        O meu pai estava no quarto dormindo disso eu tinha certeza, pois da sala dava para escutar o seu ronco.
        Fui à cozinha beber um copo d´água.
        “Suba”.
        Lembrei-me de hoje mais cedo. O que teria no sótão?
        Subi as escadas apressada, encostei o meu ouvido na porta para ver se havia algum sinal de que eles estavam acordados. Não ouvi nada além do barulho do chuveiro e do ronco do meu pai.
        Resolvi subir. Quando entrei no sótão uma nuvem de poeira invadiu o meu nariz – ainda bem que eu não sou alérgica.
        O sótão estava cheio de troféus, fotos antigas, de quem será que eram?
        Até que eu vi um baú que me despertou a curiosidade.
        Ele estava aberto, quanto mais eu me aproximava mais eu escutava as vozes, elas estavam embaralhadas em minha mente, dizendo coisas diferentes, mas havia uma pela qual eu podia escutar com clareza, era a voz do garoto que sempre vinha a falar comigo, aquela voz era doce e tão gentil, que fazia com que minha voz ficasse rude e tremida.
        Decidi seguir em direção ao baú, e ignorar aquilo como eu sempre fazia.
        Sentei-me no chão e peguei algumas cartas que estavam espalhadas.
        A primeira estava com o destinatário a “Charllote”
        Nela dizia:
        Querida Charllote,
         Fui cavalgar com o senhor Patrick, regressaremos ao lar antes do chá das seis.
         Joseph Lockward Merlling.
   Aquilo sem dúvida era muito antigo.
        Será que Joseph era o homem que eu ouvia?
        “Sim”. Fiquei surpresa ele pela primeira vez estava me respondendo.
        - Por que você está falando comigo? – perguntei em voz alta dessa vez.
        - Eu preciso da sua ajuda – sua voz estava mais próxima de mim. Automaticamente olhei para trás. E lá estava ele. Levei um grande susto.
        Seus cabelos eram loiros, e seus olhos eram negros, seus cílios eram grossos, mas não muito longos e era da cor do seu cabelo, ele era lindo e não parecia ter vindo daquela época.
        Eu me sentia um verdadeiro lixo ao seu lado.
        - Desculpe-me se eu te assustei. – Ele sorriu.
        - Tudo be... Na verdade dá para me explicar o que está acontecendo?
        - Olha como você pode ver sou um... Fantasma. Eu morava em um vilarejo que era situado por aqui há um tempo... – Eu o interrompi.
        - Há algum tempo quando?
        - Bom... – Ele deu uma risadinha baixa e se aproximou. – Em 1835.
        Minha mãe e meu pai se separaram assim quando eu nasci, na verdade a minha mãe me largou quando eu era pequeno e meu pai me criou.
        Depois de um tempo meu pai começou a se envolver com bebida e ele chegava em casa e me batia demais.
        Ele tinha várias dividas. Uma vez ele havia saído para beber, eu devia ter 15 anos.
        Eu estava dormindo no sofá da sala e veio um homem que achou que eu também tinha dividas com bebida, ele estava com uma arma e deu três tiros nos meus dois pulsos e três tiros nos meus dois tornozelos, e depois foi embora achando que eu já havia morrido, mas ele estava enganado.
        Eu fui me arrastando com os cotovelos e peguei uma manta, enrolei nos meus pulsos e nos tornozelos. Eu tentei pegar o telefone para ligar, mas não consegui.
        Eu não sei como, mas eu estava deitado em uma maca, cheio de aparelhos no meu corpo, e um deles indicava o meu batimento cardíaco, pelo qual não estava batendo. E eu estava escutando as vozes das enfermeiras, a mais alta disse: “Vamos leva-lo para o necrotério”.
        A outra disse: “Coitado que morte horrível”.
        Depois disso fiquei responsável pela sua segurança.
        -Pela minha segurança?
        - É
        - Por que eu escuto vozes?
        - Porque você é uma medium.
        - O que é isso?
        -São pessoas capazes de se comunicar com fantasmas. – eu estava muito confusa.
        - Eu estou sonhando. – ele se aproximou de mim e afagou o meu rosto com suas duas mãos.
        - Não está, acredite em mim eu estou aqui, confie em mim. – eu estava chorando agora, eu sempre sonhei em ver seu rosto, abraça-lo e eu estava com medo de quando saísse nunca mais ver seu rosto.

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